quinta-feira, 1 de maio de 2014

Entrevistamos: Cintia Alves da Silva (14/04/2014)

Doutoranda e mestra em Linguística e Língua Portuguesa pela Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Araraquara (SP), Cíntia Alves da Silva é autora de uma importante dissertação que une ciência e religião: As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica.

Seu objeto de estudo – as cartas psicografadas pelo médium mineiro – envolve uma análise criteriosa do processo de construção dos autores espirituais, com base na coerência dos fatos relatados. Atualmente, dedica-se à tese de doutorado intitulada A prática da psicografia: enunciação e memória em relatos de experiência mediúnica, um estudo mais amplo da psicografia como prática semiótica.

Agradecemos pela entrevista, cedida prontamente e pela amizade que se iniciou com a publicação de um outro post sobre sua obra, post que foi utilizado em seu trabalho, junto com outras matérias em que o estudo foi citado.Desejamos sucesso nas novas empreitadas e na divulgação!

Entrevista com Cintia Alves da Silva

Como se deu a escolha do tema para sua dissertação de mestrado, Cintia?

   Escolhi o tema da minha dissertação de mestrado a partir de uma série de eventos que despertaram o meu interesse para a escrita psicográfica de Chico Xavier. Citarei dois dos que considero mais decisivos. Em outubro de 2008, tive a oportunidade de assistir um documentário sobre a vida do médium mineiro, intitulado Chico Xavier Inédito: de Pedro Leopoldo a Uberaba, que continha o depoimento da Dra. Marlene Nobre sobre uma pesquisa estatística realizada pela equipe da AME-SP, sob coordenação de seu irmão, Paulo Rossi Severino, a respeito do grau de precisão das informações presentes em cartas psicografadas pelo médium entre as décadas de 1970 e 1980. Nesse documentário, Dra. Marlene mostrava os resultados do estudo – posteriormente transformado no livro A vida triunfa, nos anos 1990 –, que comparava dados presentes nas comunicações psicografadas com aqueles citados em questionários preenchidos pelas famílias dos mortos, e punha o material à disposição de quem quisesse investigar o assunto. A questão já havia me chamado a atenção meses antes, em maio, quando tomei contato com uma notícia da Folha de São Paulo, acerca da recém-criada Associação Jurídico-Espírita de SP – AJE-SP, a qual propunha uma “espiritualização” do judiciário e defendia, entre outras práticas, o uso de cartas psicografadas nos tribunais. A reportagem comentava, ainda, a existência de quatro casos em que cartas psicografadas foram utilizadas como meios de prova nos tribunais, mas não citava que se tratavam das cartas do médium Chico Xavier e que os casos eram únicos no mundo. O meu espanto com essa informação foi tamanho que cheguei a guardar o recorte de jornal com a notícia. Desde então, comecei a buscar e organizar informações sobre os casos que envolviam a escrita mediúnica de Chico Xavier. Mas não voltei a pensar seriamente sobre o assunto senão no final desse mesmo ano, depois de ter recebido o que considero um “convite” incomum – já que foi feito trinta anos antes! –, através do depoimento da Dra. Marlene. Pesquisar sobre as cartas de Chico Xavier se tornou, assim, um hobby para mim. Queria saber como a ciência poderia explicar aquele fenômeno. Tantas perguntas – de natureza linguística, especialmente – surgiam diante daquele material, reunido em cerca de uma centena de livros, que não foi preciso muito tempo para que tomassem a forma de um projeto acadêmico. Bastaram dois meses para que eu elaborasse a sua primeira versão, que foi aperfeiçoada ao longo de 2009, quando submeti o projeto ao Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa da Unesp de Araraquara. Desse modo, oficialmente, a minha pesquisa teve início em 2010, tendo sido concluída em 2012, sob orientação do Prof. Dr. Jean Cristtus Portela.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A ciência lê Chico Xavier: Linguista aponta coerência nas características de cartas psicografadas pelo médium

Uma investigação da área de linguística analisou as cartas psicografadas pelo médium brasileiro Francisco de Paula Cândido Xavier, o Chico Xavier (1910-2002). O estudo apontou marcas que diferenciam os supostos autores entre si e essas distinções mantêm coerência para um mesmo autor em cartas escritas em épocas diferentes. A pesquisa identifica ainda a doutrina espírita permeando esses escritos, além de mostrar peculiaridades do processo de transformação desse material em livro.

A autora é Cíntia Alves da Silva, que fez o projeto durante seu mestrado na Unesp em Araraquara. Ela teve orientação de Jean Cristtus Portela, professor da Unesp em Bauru. Sua dissertação se transformou em livro eletrônico na edição 2013 da Coleção Propg-FEU Digital, sob o selo Cultura Acadêmica da Editora Unesp. A obra, intitulada As cartas de Chico Xavier - uma análise semiótica, pode ser baixada gratuitamente em http://migre.me/ekc6p.

Para realizar a análise, Cíntia teve que criar um acervo de cartas psicografadas porque muitos desses textos foram publicados apenas uma vez e com baixa tiragem. Após coletar mais de 500 textos, a pesquisadora se limitou às "cartas de conforto" aos parentes do suposto autor falecido.

Entre os autores mais recorrentes, a linguista se ateve a três nomes: Augusto César Netto, Jair Presente e Laurinho Basile. Os três teriam vivido em meados dos anos 1970, e morrido jovens. Cíntia escolheu três cartas de cada autor, escritas em períodos que variam de 8 meses a 4 anos.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

LIVRO "As cartas de Chico Xavier: Uma análise semiótica" ( Cintia Alves da Silva )


Sinopse
O objetivo central deste livro foi tentar compreender, com auxílio de métodos semióticos, o processo de construção das autorias espirituais nas cartas "familiares" ou "consoladoras" escritas - ou psicografadas - pelo médium Chico Xavier. A autora procura detectar sinais de coerência nessas autorias ao longo do tempo, e em que medida elas apresentam marcas de autonomia ou individualidade que permitam distingui-las umas das outras.

O córpus analisado é composto de dez cartas psicografadas publicadas entre 1973 e 1980 e atribuídas a três autores: Augusto César Netto, Jair Presente e Laurinho Basile. Como pano de fundo, a autora põe em xeque uma ideia bastante comum entre os espíritas adeptos de Xavier, a de que a escrita do médium seria tão fiel ao estilo dos espíritos por ele psicografados que se poderia até reconhecer as expressões e formatos verbais que eles supostamente utilizavam em vida.

O trabalho também buscou caracterizar as cartas psicográficas como um tipo particular de texto, que se diferencia dos textos epistolares tradicionais. Para a autora, além de se configurarem como gênero editorial específico, as cartas psicografadas são escritas de modo tão peculiar que ultrapassam o contexto do Espiritismo, avançando por vezes para os terrenos da literatura e do memorialismo.

Título: As cartas de Chico Xavier: Uma análise semiótica
Autora: SILVA, Cintia Alves da
ISBN: 9788579833656
Assunto: Linguística
Formato: 14 x 21
Páginas: 212
Edição: 1ª
Ano: 2012

Faça o DOWNLOAD GRATUITO do livro no site da editora Cultura Acadêmica:
http://www.culturaacademica.com.br/catalogo-detalhe.asp?ctl_id=299