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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Mais uma faísca sobre a problemática do sujeito


Ontem terminei de escrever o meu primeiro artigo acadêmico sobre o caso das cartas de Chico Xavier. Foi um mergulho teórico muito raso, do qual salvou-se somente a ideia, a ser explorada numa “parte II”, iniciada nesse mesmo dia. E sem maiores problematizações, por questões de tempo e espaço (não é fácil limitar a discussão a poucas páginas, uma exigência da disciplina para a qual eu devia entregá-lo, como avaliação final).

Um embrião de artigo (como chamá-lo de outra forma?), que se detém unicamente ao início de uma discussão provavelmente interminável: o que é o sujeito? Mas, mais do que isso, o que é o sujeito em uma carta psicografada?

Os textos psicografados, e especialmente os do gênero carta (carta familiar/psicografada), subvertem várias concepções clássicas nos estudos linguísticos e nas humanidades, como um todo: sujeito, autor, identidade, e seus desdobramentos todos. Sei que o sujeito é um problema eterno, tão complexo e contraditório como qualquer construto humano e, sobretudo, como o próprio ser humano.

Não há meios, e nem tenho a pretensão, de chegar a uma solução completa e definitiva sobre isso. Quero é pensar a respeito, por o assunto em pauta... enfim, jogar uma faísca na discussão. Isso não é querer ver o circo pegar fogo. É desestabilizar para encontrar causas possíveis das oscilações discretas, que teimam em perturbar, silenciosamente, a calmaria das coisas falsamente estáveis. Que melhor receita há para exercitar o raciocínio e quebrar um pouco do nosso tédio existencial essencial?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

As cartas familiares na justiça


Milhares de famílias de todo o país se dirigiram a Uberaba, ao longo de décadas, para receberem das mãos do médium mineiro o conforto de sentirem que a vida continua.

Suas cartas, escritas em sessões semanais no Centro Espírita da Prece, emocionaram pais, esposos e filhos e ainda hoje nos despertam interesse pelo estudo do fenômeno da psicografia ou escrita mediúnica.

Aceitas em processos judiciais, as cartas de Chico Xavier extrapolam o senso comum e instauram uma condição única, jamais presenciada nos tribunais de outro país - a utilização de correspondências de "mortos" como meio de prova em julgamentos.

As cartas familiares, psicografadas por Chico Xavier, foram utilizadas em 3 processos judiciais, em que três réus acusados de assassinato foram inocentados. Nos três casos, as mortes foram, segundo os acusados e as cartas, não intencionais.

Algumas questões se fazem inevitáveis: o que fez a justiça ter aceitado as cartas recebidas por Chico Xavier? Em quais elementos os juízes dos casos se basearam para inocentar os réus? O que, nessas cartas, foi determinante para que a inocência dos réus fosse sentenciada? Quais critérios foram adotados pelos dois juízes em situações que beiraram o nonsense da jurisdição? Aliás, há razões para supor que haveria qualquer coerência, ainda que interna a esses textos-cartas, que pudesse merecer a atenção da justiça? O que, nessas comunicações, levou a justiça brasileira a adotar cartas recebidas por via mediúnica como meio de prova no tribunal do júri?

Essas são algumas das perguntas que me faço ao ler as cartas de Chico, todas tão iguais e, ao mesmo tempo, intrigantemente diferentes...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Trailer do Filme "Chico Xavier" - Globo Filmes (2010)


Assista aqui ao trailer do filme "Chico Xavier" (Globo Filmes, 2010), que tem direção do cineasta Daniel Filho:

Leia a sinopse no site: http://www.chicoxavierofilme.com.br

domingo, 23 de agosto de 2009

Quatro filmes marcarão o centenário de Chico Xavier


Em comemoração ao centenário de Chico Xavier, em 2 de Abril de 2010, estão previstos lançamentos de quatro filmes sobre a vida e a obra do médium mineiro.

O documentário “As Cartas”, dirigido por Cristiana Grumbach, está em etapa de finalização. “As Cartas” traz entrevistas com pessoas que receberam cartas psicografadas por Chico e contam sobre suas experiências.

Sob direção de Daniel Filho, o longa metragem “Chico Xavier” está com a produção em fase avançada e é baseado em biografias como a do jornalista Marcel Souto Maior, que escreveu “As vidas de Chico Xavier”.

Dirigido por Luis Eduardo Girão, o mesmo produtor de “Bezerra de Menezes”, o filme "As Mães de Chico Xavier" é um longa que narrará a história verídica de três mães que, depois de perderem seus filhos, recorreram a Chico Xavier na tentativa de receberem mensagens do outro plano.

Baseado no romance espírita que já teve mais de dois milhões de exemplares vendidos, o filme “Nosso Lar” será adaptado por Wagner Luís, da produtora Cinética Filmes, e distribuído pela Fox Filmes.

O centenário de Chico Xavier promete comemorações memoráveis e impulsiona ainda mais o gênero “filme espírita” no Brasil.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Documentário: "As cartas de Chico Xavier"


Em acontecimento inédito na Justiça brasileira e que até hoje causa polêmica, cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier serviram de prova para inocentar três acusados de assassinato. Assista a um trecho do documentário "As cartas de Chico Xavier e outras histórias misteriosas", produzido pelo programa LINHA DIRETA - Justiça, da Rede Globo:

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Reportagens Interessantes


Em minhas buscas por materiais na Internet, encontrei reportagens que demonstram a relevância do assunto "psicografia". O interesse do público por esse fenômeno é visivelmente grande, o que pode ser constatado pela produção de alguns programas de tv com temática espírita, como "Linha Direta", SBT Repórter, bem como por referências em revistas como Época, ISTOÉ, entre outras. Brevemente, postarei aqui outras reportagens interessantes para download.

Aqui estão disponibilizadas 4 reportagens sobre Chico Xavier, Psicografia e Espiritismo. Vale a pena conferir.

- Chico Xavier Super Star (Revista Época)

- O novo espiritismo: A religião assume uma face moderna e cresce entre os jovens (Revista Época)

- Falando com o além (ISTOÉ)

- Mensagem para você (ISTOÉ - 11/02/2009)

Chico Xavier em números


535.000 - Esse é o número resultados para o termo "Chico Xavier" no Google.
141.000 - Número de resultados para a palavra "psicografia".
Em combinação, “psicografia” e “Chico Xavier” somam 159.000 citações.
Numericamente, isso representa simplesmente o óbvio a respeito de uma das menos óbvias figuras do universo religioso e editorial brasileiro: o fenômeno Chico Xavier.
Cita-se muito, questiona-se bastante e entende-se muito pouco sobre a obra psicográfica do médium mineiro. Paranormalidade? Farsa? Mediunidade? Insanidade? Mistificacão? Quando se fala de Chico, os limites entre a realidade e a imaginação, a veracidade e a mistificação, são tênues. Tênues o bastante para simplesmente concluirmos que o assunto merece ser estudado.

As cartas de Chico Xavier: um relato de pesquisa.


Este é um registro de impressões sobre o meu projeto de pesquisa.
Minha intenção é relatar aqui algumas reflexões e eventos ocorridos em torno do estudo das cartas familiares, psicografadas por Chico Xavier, e que são objeto da pesquisa que venho desenvolvendo desde Outubro de 2008.

As cartas de Chico Xavier são polêmicas e despertaram o interesse dos que perderam seus entes queridos, dos espíritas e, curiosamente, da Justiça brasileira, a única no mundo a registrar três casos de absolvição em acusações de homicídio, nos quais as cartas foram utilizadas como meio de prova.

Uma das ocasiões determinantes para que eu me interessasse por estudar o caso Chico Xavier foi quando eu assistia a um documentário sobre a vida do médium - “Chico Xavier Inédito: de Pedro Leopoldo a Uberaba” - no qual a Dra. Marlene Nobre falava sobre uma análise feita pela AME-SP (Associação Médico-Espírita do Estado de São Paulo), nos anos 70. A equipe da AME, coordenada por Paulo Severino Rossi, analisou mais de 200 cartas psicografadas pelo médium, num estudo estatístico que comparava dados citados nas comunicações psicografadas com aqueles presentes em questionários preenchidos pelas famílias dos mortos. No documentário, Dra. Marlene mostrava os resultados e punha o material à disposição de quem quisesse investigar o assunto. Esse estudo foi posteriormente transformado em um livro, nos anos 90. Foi desse comentário que nasceu, oficialmente, a minha curiosidade sobre as cartas de Chico Xavier. Curiosidade esta alimentada por outros materiais com os quais tive contato e, adicionalmente, por minha tendência a enxergar padrões em tudo. Padrões linguísticos, estrutura, estilo, coerência, recorrência, autoria, identidade – palavras que não pararam mais de rondar a minha mente e que têm alimentado a minha investigação desde aquele depoimento, anacronicamente direcionado à minha obsessão por vasculhar, coletar e classificar informações. Em dois meses, verti a idéia em um projeto acadêmico que permitia vazão a várias das minhas tendências: a pesquisa, a linguística, o espiritismo, a psicografia e um gosto mórbido por enigmas. Tudo isso entremeado à vida de uma das figuras mais marcantes da história de nosso país. O brasileiro do século, Chico Xavier. E uma pergunta em minha mente: como a ciência pode explicar esse fenômeno?

Esse nome tem me despertado curiosidade, euforia, respeito, admiração e, por vezes, um temor inexplicável. Não temo pelo Chico. Temo por a sua figura, a figura construída pela mídia, pela memória e pelo imaginário do povo. Sei que devo me afastar do fascínio exercido por sua imagem. É uma exigência do método, do rigor científico. Não posso, entretanto, me afastar com leviandade, exatamente por saber da importância de sua história. É preciso encontrar a isenção necessária. A justa medida.