Doutoranda e mestra em Linguística e Língua Portuguesa pela Faculdade de
Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (UNESP), campus de Araraquara (SP), Cíntia Alves da Silva é
autora de uma importante dissertação que une ciência e religião: As
cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica. Seu objeto de estudo – as
cartas psicografadas pelo médium mineiro – envolve uma análise
criteriosa do processo de construção dos autores espirituais, com base
na coerência dos fatos relatados. Atualmente, dedica-se à tese de
doutorado intitulada A prática da psicografia: enunciação e memória em
relatos de experiência mediúnica, um estudo mais amplo da psicografia
como prática semiótica.
RIE – Como você se aproximou do Espiritismo e de que forma surgiu o
interesse de defender uma dissertação de mestrado relacionada à
religião?
Cíntia Alves da Silva – O meu primeiro contato com o Espiritismo se deu
quando eu ainda era adolescente, aos 14 anos. Após receber de presente
um volume de O Evangelho Segundo o Espiritismo, passei a me interessar
pela doutrina e nunca mais parei de ler a respeito. Vinculei-me à Casa
do Caminho, Instituição Espírita Cristã, de São Carlos (SP), no ano de
2008, quando cursei o COEM (Curso de Orientação e Educação Mediúnica).
Desde então, a psicografia tornou-se o meu tema predileto. Nesse mesmo
ano tive contato com um recorte de jornal que falava sobre a existência
da AJE-SP (Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo), que à
época discutia a possibilidade de se utilizar cartas psicografadas como
meio de prova nos tribunais. Foi a partir desse recorte que comecei a
buscar e organizar informações sobre os casos que envolviam a escrita
mediúnica de Chico Xavier. O que era um hobby, inicialmente, tornou-se
tema da minha pesquisa entre 2009 e 2010, quando ingressei no mestrado
em Linguística e Língua Portuguesa na UNESP de Araraquara, sob a
orientação do Prof. Dr. Jean Cristtus Portela. A importância
sociocultural e editorial da psicografia no Brasil foi, sem dúvida, o
principal motivo que me levou a considerar o estudo acadêmico desse
tema.
RIE – Explique brevemente o objetivo da dissertação e a relação entre psicografia e semiótica.
Cíntia – A dissertação intitula-se As cartas de Chico Xavier: uma
análise semiótica e seu objetivo principal foi o de compreender o
processo de construção das autorias espirituais (ou “imagens” de
enunciador) nas cartas “familiares” ou “consoladoras” escritas pelo
médium. Os objetivos específicos incluíram observar se havia coerência
na construção das autorias espirituais na obra psicográfica epistolar de
Chico Xavier, ao longo de períodos maiores ou menores, e em que medida
elas apresentariam marcas de autonomia ou individualidade que nos
permitissem distingui-las umas das outras. Essas questões foram
elaboradas de forma que pudéssemos refletir sobre uma ideia bastante
comum entre os adeptos do Espiritismo – a de que a escrita do médium era
tão fiel ao estilo dos espíritos que se comunicavam através dele, que
seria possível identificar e distinguir claramente os seus autores
espirituais por meio das expressões e formas de dizer que estes
supostamente teriam utilizado quando vivos. A pesquisa também buscou
caracterizar as cartas psicográficas como um tipo particular de texto,
que se diferencia dos textos epistolares “típicos”. Além de se
configurar como um gênero específico, as cartas psicografadas delineiam
um percurso editorial bastante peculiar, que possibilita que elas sejam
lidas e compreendidas em outros contextos, para além do centro espírita,
onde é produzida. A Semiótica, concebida enquanto teoria da
significação, propõe-se a explicitar conceitualmente os processos de
apreensão e produção de sentido. Por essa razão, a sua escolha como
perspectiva teórica nos pareceu bastante apropriada, uma vez que as
nossas questões acerca da psicografia epistolar inseriam-se justamente
na busca pela compreensão dos processos de construção das “identidades”
espirituais a que Chico Xavier atribuía a sua escrita.
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sexta-feira, 14 de setembro de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
A primeira carta de Augusto César Netto (03/02/1973)
Minha mãe, minha querida mamãe!
Primeiro, um pensamento de gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas sempre.
Aqui não é muito diferente daí, embora seja diferente daqui. Explicar como é isso não sei ainda. Falo assim para dizer que tenho estado nas disciplinas necessárias. Tratamento intensivo a princípio, refazimento, escola e trabalho depois.
Que eu tenha desejado escrever com uma ansiedade igual à sua, não duvide. Mas não é fácil. Creia, porém, que lá no reduto abençoado de serviço da nossa Acácia, tenho estado presente sempre e sempre. Estou agindo. Seu filho já consegue fazer alguma cousa. Não é muito não, como não pode deixar de ser. Sou ainda um estudante nas primeiras faixas do ensino. Nem sei dizer como tudo vai sucedendo.
Parece, mamãe, que a vida é como um rio. As águas do tempo nos levam para diante e a gente vai seguindo, fazendo o que pode para não submergir e trabalhar de algum modo na viagem. Será que esta imagem me ocorreu, por lembrar aquele dia? Aquele dia que nós não queremos lembrar? Sei hoje apenas que, se a minha prova, ao partir, foi o desfalecimento na água, nós já derramamos muitas lágrimas para esquecer tudo o que deve ser esquecido...
Graças a Deus, vejo-a firme e valorosa, vivendo e servindo. Não avalia o que foram para mim os primeiros tempos... As suas aflições e as suas angústias. Suas palavras de pergunta e de dor buscando saber a razão do que acontecera me feriam profundamente, porque eu desejava explicar sem conseguir expressar-me.
Se o seu coração querido se colocar em lugar do meu, saberá como doíam aquele pranto e aquelas orações sentidas que recebia de seu carinho, ante o meu retrato e à frente do lugar onde as últimas lembranças ficaram entre nós. Não julgue que eu não ouvia. Chorei com as suas lágrimas, por muito tempo, e quando as suas primeiras esperanças vieram surgindo na alma, aceitando realmente a vida além da morte, a luz nascente em seu amor foi também minha luz. Agradeço hoje por tudo.
Não estou triste ao falar assim, mas é muito importante para mim exprimir agora o que sinto, com a possível demonstração de meus impulsos mais íntimos.
Agradeço o seu esforço para sairmos de nós mesmos ao encontro da fé; agradeço a sua obediência a Deus, procurando resignar-se com o problema que me assaltou quando eu menos esperava; agradeço a fortaleza que o seu carinho nos deu a todos; conquanto, às vezes, fugindo para a solidão do quarto, depois de muitas das nossas reuniões de família, para chorarmos a sós; agradeço o seu apoio valioso a meu pai e, sobretudo, a paz que hoje ilumina o coração de seu filho.
Peço-lhe. Continuemos trabalhando, plantando o bem... Aqui, Mãezinha, o que trazemos, é o que permanece conosco. E estejamos alegres. A vida é segurança e felicidade, trabalho e progresso para nós todos, conforme as leis de Deus. O sofrimento é semelhante à lagarta destruidora que, com invigilância, colocamos na flor da vida. Felizmente, ao ver o seu coração mais tranqüilo, pude asserenar-me e realmente reformar-me para viver.
Cada criança que a sua bondade ampara sou eu mesmo; cada peça de socorro aos necessitados que sai de suas mãos é bênção sobre mim. E aprendamos a esquecer todas as sombras que, porventura, hajam caído entre nós e a Vida - a Vida que é luz de Deus.
O trabalho crescerá para nós. Estou em seus braços, aprendendo a servir e estou em seu pensamento, conversando sobre os melhores caminhos que nos cabem seguir. Compreender, mamãe querida, e auxiliar sempre para o bem.
Seu apoio a meu pai, o nosso companheiro devotado de sempre, é para mim confiança e alegria. Às vezes, pensamos que seria melhor eu ter ficado para colaborar de algum modo nas tarefas que o Senhor nos deu a cumprir; entretanto, sabe Deus o que faz e vim mais cedo, para cooperar na construção de nosso futuro. A vida, mãezinha, é também uma espécie de livro em que lemos, a pouco e pouco, as circunstâncias em que nos encontramos enlaçados.
Somos hoje uma família maior. A princípio, quase quatro fevereiros de retaguarda, supúnhamos ser um grupo único, em nosso bairro feliz de São Paulo. Depois, de semana a semana, fomos descobrindo que somos muitos. Hoje, costumo rir de mim mesmo. Fantasiava escrever uma carta, revelando detalhes de casa e família, mas antes que eu pudesse grafar o que pensava, eis que o Chico veio a nós. Temos tudo em comum. Os conhecimentos do lar e os entes amados. Não consegui transitar nos fenômenos para reconhecer que o maior fenômeno é este profundo amor que nos reúne uns aos outros. Mesmo assim, envio lembranças às meninas e a todos - todos os nossos, desejando que a paz e a bênção de Deus estejam conosco em todos os passos. Aqui estão comigo vários companheiros e benfeitores.
Que ainda estou sendo auxiliado para escrever, não tenha dúvida. Não consigo relacionar os nomes de todos, porque a lista é grande, mas de amigos presentes destaco o amigo Salathiel e o amigo Oswaldo com parentes aqui e que se fazem sentir com muito carinho às nossas irmãs. Não sei ainda ser mensageiro, embora aqui me encontre firme nesta mensagem. Começamos bem neste mês de aniversário e espero, querida mamãe, estarmos sempre mais juntos.
terça-feira, 24 de julho de 2012
VÍDEO - "As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica" (Defesa de Mestrado)
Assista a apresentação da dissertação intitulada As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica, defendida por Cintia Alves da Silva em 08 de março de 2012 no Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa da UNESP de Araraquara (SP).
Compuseram a banca os professores doutores Jean Cristtus Portela (orientador), Elizabeth Harkot de-La-Taille (USP) e Renata Maria Facuri Coelho Marchezan (UNESP).
Se preferir, faça o download do vídeo.
Compuseram a banca os professores doutores Jean Cristtus Portela (orientador), Elizabeth Harkot de-La-Taille (USP) e Renata Maria Facuri Coelho Marchezan (UNESP).
Se preferir, faça o download do vídeo.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
DISSERTAÇÃO - As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica (Download)
Resumo: Este estudo tem como objetivo compreender os processos de construção do éthos, concebido enquanto “imagem” ou “identidade” do enunciador, nas cartas familiares escritas por Chico Xavier e atribuídas a “autores espirituais”, sob a perspectiva da Semiótica greimasiana. Por meio da análise das cartas psicografadas, pretende-se demonstrar como a sua configuração semiótica (enunciva e enunciativa) permite caracterizá-las como um tipo de texto em particular, diferenciando-o dos textos epistolares “típicos”. O córpus analisado é composto de dez cartas psicografadas publicadas entre os anos de 1973 e 1980 e atribuídas a três autores: Augusto César Netto, Jair Presente e Laurinho Basile. Entre os conceitos que orientam as análises estão os de práticas semióticas, contrato fiduciário, presença e as relações entre éthos e estilo. O percurso analítico deste estudo inicia-se pela definição da carta como objeto semiótico. Para isso, foram adotadas as contribuições de Jacques Fontanille, na aplicação de uma hierarquia de níveis de pertinência semiótica. Essa hierarquia permitiu a delimitação do percurso da carta psicográfica, desde a sua prática geradora até a sua inscrição em outros objetos-suporte. As noções de práxis enunciativa, práticas semióticas e gênero auxiliaram a caracterização do gênero epistolar psicográfico, enquanto objeto produzido no interior da prática psicográfica epistolar. A sua articulação com a prática de edição, em um nível estratégico, revelou-nos de que maneira a intervenção do editor resulta na ressignificação do texto, inserindo-o, assim, no âmbito editorial. Após a análise do córpus, foi possível constatar que o texto epistolar psicográfico é caracterizado por um éthos dual e ambíguo, coerente com os valores que permeiam a prática da psicografia epistolar.
Palavras-chave: Semiótica greimasiana. Éthos. Psicografia. Cartas. Chico Xavier.
BAIXE AQUI O TEXTO COMPLETO.>
Palavras-chave: Semiótica greimasiana. Éthos. Psicografia. Cartas. Chico Xavier.
BAIXE AQUI O TEXTO COMPLETO.>
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Carta de Jair Presente: "Falei mas não sei se disse"
Oi, Gente! Vocês aí, vocês mesmo, entocados nos bancos. Papai, minha mãe, Sueli, Carlos, Sérgio, Wilson e conexos.
Não coloquem a imagem desta mensagem no gibi de ensinar; isso é conversa de casa, fora da prensa de imprensa. Se eu não garanto já o jamegão (1) aqui deste modo, vocês estarão aí de olho cumprido e de espírito jururu. É duro isto, mas não fiquem matutando, encucados na idéia de que vou continuar assim; gíria não dá para nós, os que varamos o rio da mudança. Pedi favor para escrever assim, só para mostrar prá vocês que estou vivo, vivinho mesmo.
E quero dizer a meu pai que não fique de pensamento vidrado nas águas (2); se dei uma de peixe foi para nadar melhor. Fico abilolado quando meu pai começa a embarafustar na lembrança de Praia Azul. Papai tenha paciência. Voltei como vim. Não sabemos como é isso, não. Vamos deixar isso prá lá. Deus sabe tudo e em nossa moringa cabe somente alguma coisa. Estou bem, estou melhorando, mas vou largar esse negócio de palavras giradas. Já saí da bananosa, começo a compreender que preciso educar meus impulsos. Educar impulsos é qualquer coisa de progresso. Não me lembro de haver dito isso, apesar dos livrocas que andei consultando. Isso quer dizer que já não me vejo com trutas que largam os deveres de mão para alfinetar o tempo e acabar com as horas.
Vocês aí!...Carlos que tu tás pensando? Não fique parado, não, depois de saber que o negócio não termina ali no meio das estátuas. Olhe rapaz, os dias vão correndo... Quando puder acompanhe minha mãe para dar serviço no serviço do bem (3). Aqueles amizades nas panelas de sopa estão certos e os caras que somos nós, quando longe deles, é que ficamos nas risadas do já era. Trabalhar, meu amigo, trabalhar pelos outros.
Sempre acreditei que mendicância seria preguiça, conversa mole, mas o problema é diferente. Se temos de mudar qualquer coisa, temos de começar mudando a nós mesmos. E só existe uma transformação que vale a pena: ajudar os que precisam mais do que nós para que larguem de precisar.
Você e Sérgio, venham também.
Wilson anda arrepiado num medo fora de série (4), mas já veio. Está batucando sem passar por cima da verdade. O moço está querendo mesmo transar diferente. Muitas vezes ele me sente perfeitinho junto dele, mas e a paúra? Ele diz que deseja me ver, mas se eu pintar mesmo diante de vocês, já sei que sairão pirandelando por aí. Não conte com isso, não. Essa de parecer fantasma já era mesmo.
Só aqueles caras gamados com casa e comida é que ficam aí, às vezes, até procurando esquecer tudo com umas e outras. Mas vocês já sabem. Essa de pinga não cola (5).
Gostamos da vida e fomos irmãos de alegria e de esperança; no entanto, nada sabemos de trampar com essa ou aquela prisa. Fomos e somos rapazes decentes e porque largamos cabelos nas caras para não ficarmos caretas, isso não é motivo para sermos espíritos adoidados, querendo o que não se deve querer.
Wilson, tu tás abilolado a toa. Não pense que tudo aqui seja concedido de mão beijada. Prato feito acabou. Mentira não vale. Toda conquista pede tempo e suor, creio que mais suor do que tempo.
Mediunidade é transmissão. Tarei na onda certa? Creio que sim, embora não tenha as palavras para explicar. Vocês agora aí tão interessados em comunicação, saibam disto: cada um dá o que tem. Isto pode ser de coisa passada, mas é muito válido.
A gente aproxima do médium e quer falar, e aí temos de güentar o assunto, porque só falamos em dupla; o médium quando não tem muito exercício nos passa prá trás e fala na frente. Vocês ficam parados na fachada e esquecem a faixa em que nos achamos. Por isso, Wilson, é que nestes casos que hoje vemos é melhor que a cuca não fique botando banca. É hora do coração conversar. Não quero que você esteja santo, mas também não desejo que você fique esperto demais. Nem anjo, nem gato. Fique você mesmo e observe que a crista do problema é auxiliar outros para sermos auxiliados. Hoje vivo partindo para essas novas atitudes que me façam mais útil. Viver bem para encontrar o bem e ser melhor.
Se a gente morresse mesmo, era só seguir entre a preguiça e a rede; no entanto, a morte é uma passagem que parece aquela porta dos contos de fadas. Vocês abraçam a gente movimentando gritos e lágrimas e o cara não consegue falar bolacha. Estamos encantados pela bruxa que não se vê, mas posso dizer que é uma bruxa inofensiva, porque nem a vemos de leve. A morte chega e decerto bate aquela varinha em nossa cabeça; a gente dorme, acorda com vocês chamando e chamando, e aos poucos saímos do barro ou da pedra. O negócio é isso.
Quero que ocês todos fiquem aí até que o mofo espante vocês do saco de pele e ossos; peço a Deus que todos se arrastem de velhos, mas eu não sei se isso vai acontecer. De qualquer modo preparem-se, para vir algum dia. E saibam que só temos aqui o que damos e só sabemos o que colocamos por dentro de nós.
Em negócio de sexy, fiquem acesos para pensar melhor. Não brinquem com fogo, que o fogo nesse assunto queima muito mais do lado de cá.
O que vocês prometem cumpram (6).
E o que fizerem no campo dos tratos saibam tratar, porque o amor é uma luz que não aparece em querosene de papagaiadas de conversa furada.
Estão abrindo a boca perto de mim, creio que os amigos estão cansados. Já escrevi muito. E se continuasse, o papel necessário, não está apontado no gibi. Vocês não se impressionem com o que digo. Vivam corretos e tarão certos. Não dou para ensinar porque não sou santo. Desculpem.
Mamãe e papai, concedam aí uma bênçãos ao filho agradecido.
Sueli, acertemos tudo no coração para fazer o bem.
Vocês, meus cupinchas, não fiquem rindo, não. Coloquemos a cuca para jambrar e busquemos o que estiver certo; Carlos, Sérgio, Wilson e nossa amiga, favoreçam este espírito de rapaz supostamente afogado com os pensamentos bons, com o que puderem dar aí para mim; vou melhorar, estou caminhando e caminhando para frente.
Hoje, escrevi adoidadamente, mas voltarei com siso e juízo. Não posso empregar palavras mais fortes neste tchau e é preciso acabar esta carta antes da matina.
Recebam o maior abraço da paróquia.
Falei mas não sei se disse.
Jair
25 de agosto de 1974.
Comentários
Aqui os nomes citados já nos são familiares. Há que se acrescentar o Wilson e conexos, mencionados no início da mensagem.
Wilson Carlos de Lima, também amigo do Jair, estuda juntamente com o Sérgio na Fundação Pinhalense de Ensino.
Em sua fala descontraída de jovem alegre, aludindo a "conexos", Jair designa duas jovens de Campinas que se encontravam com o grupo na reunião.
Vamos, para melhor situar a mensagem, destacar fatos e pormenores de que Chico não tinha conhecimento algum.
1 - Jamegão como "falei", palavra muito usada pelo Jair.
2 - "quero dizer a meu pai que não fique de pensamento vidrado nas águas" - O pai de Jair, Sr. José Presente, contou-nos que muitas vezes, à revelia dos familiares, ia até a Praia Azul, para saber de detalhes ligados à morte do filho. Jair em sua carinhosa advertência pede ao pai que assim não proceda mais.
3 - Após a primeira mensagem de Jair, sua mãe passou a colaborar na instituição dirigida por D. Wandir Dias, o Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa, conhecido como Casa da Sopa do Grameiro, bairro onde se localiza a Obra que oferece sopa aos necessitados.
4 - "Wilson anda arrepiado num medo fora de série" - fato confirmado pelo Wilson que afirma ver-se trânsido de medo muitas vezes, ao sentir a presença do Jair, como aliás o próprio Jair confirma na seqüência da mensagem, quando diz: "muitas vezes ele me sente perfeitinho junto dele, mas e a paúra?"
5 - "Essa de pinga não cola" - Advertência de Jair aos amigos Carlos, Sérgio e Wilson que contrariando os hábitos do grupo passaram a procurar nos goles de caninha o esquecimento da saudade que os torturava, após a morte de Jair.
6 - "O que vocês prometem cumpram" de fato, os jovens amigos de Jair, prometeram participar da sopa fraterna no Grameiro, em homenagem à memória do saudoso amigo, tão logo souberam que Jair havia dado comunicação através de Chico Xavier. Contudo, logo esqueceram a promessa e Jair veio lhes puxar as orelhas...
O fecho desta mensagem também identifica o estilo de Jair, quando "vivo". Aliás, outras palavras foram reconhecidas por sua irmã Sueli, como sendo de uso habitual pelo Jair. É o caso de "pirandelando", de uso incomum, que encontramos nesta mensagem e que, segundo Sueli, Jair usava habitualmente em casa.
Em sua correspondência epistolar numerosa, Jair falava muito em "antes da matina", (como fala no fim da mensagem), posto que suas cartas eram escritas geralmente às três ou quatro horas da madrugada. [Notas do editor Caio Ramacciotti].
FONTE:
XAVIER, Francisco Cândido. Jovens no Além. [Espíritos Diversos]. 24 ed. São Bernardo do Campo: Geem, 2005. p. 114-117.
Não coloquem a imagem desta mensagem no gibi de ensinar; isso é conversa de casa, fora da prensa de imprensa. Se eu não garanto já o jamegão (1) aqui deste modo, vocês estarão aí de olho cumprido e de espírito jururu. É duro isto, mas não fiquem matutando, encucados na idéia de que vou continuar assim; gíria não dá para nós, os que varamos o rio da mudança. Pedi favor para escrever assim, só para mostrar prá vocês que estou vivo, vivinho mesmo.
E quero dizer a meu pai que não fique de pensamento vidrado nas águas (2); se dei uma de peixe foi para nadar melhor. Fico abilolado quando meu pai começa a embarafustar na lembrança de Praia Azul. Papai tenha paciência. Voltei como vim. Não sabemos como é isso, não. Vamos deixar isso prá lá. Deus sabe tudo e em nossa moringa cabe somente alguma coisa. Estou bem, estou melhorando, mas vou largar esse negócio de palavras giradas. Já saí da bananosa, começo a compreender que preciso educar meus impulsos. Educar impulsos é qualquer coisa de progresso. Não me lembro de haver dito isso, apesar dos livrocas que andei consultando. Isso quer dizer que já não me vejo com trutas que largam os deveres de mão para alfinetar o tempo e acabar com as horas.
Vocês aí!...Carlos que tu tás pensando? Não fique parado, não, depois de saber que o negócio não termina ali no meio das estátuas. Olhe rapaz, os dias vão correndo... Quando puder acompanhe minha mãe para dar serviço no serviço do bem (3). Aqueles amizades nas panelas de sopa estão certos e os caras que somos nós, quando longe deles, é que ficamos nas risadas do já era. Trabalhar, meu amigo, trabalhar pelos outros.
Sempre acreditei que mendicância seria preguiça, conversa mole, mas o problema é diferente. Se temos de mudar qualquer coisa, temos de começar mudando a nós mesmos. E só existe uma transformação que vale a pena: ajudar os que precisam mais do que nós para que larguem de precisar.
Você e Sérgio, venham também.
Wilson anda arrepiado num medo fora de série (4), mas já veio. Está batucando sem passar por cima da verdade. O moço está querendo mesmo transar diferente. Muitas vezes ele me sente perfeitinho junto dele, mas e a paúra? Ele diz que deseja me ver, mas se eu pintar mesmo diante de vocês, já sei que sairão pirandelando por aí. Não conte com isso, não. Essa de parecer fantasma já era mesmo.
Só aqueles caras gamados com casa e comida é que ficam aí, às vezes, até procurando esquecer tudo com umas e outras. Mas vocês já sabem. Essa de pinga não cola (5).
Gostamos da vida e fomos irmãos de alegria e de esperança; no entanto, nada sabemos de trampar com essa ou aquela prisa. Fomos e somos rapazes decentes e porque largamos cabelos nas caras para não ficarmos caretas, isso não é motivo para sermos espíritos adoidados, querendo o que não se deve querer.
Wilson, tu tás abilolado a toa. Não pense que tudo aqui seja concedido de mão beijada. Prato feito acabou. Mentira não vale. Toda conquista pede tempo e suor, creio que mais suor do que tempo.
Mediunidade é transmissão. Tarei na onda certa? Creio que sim, embora não tenha as palavras para explicar. Vocês agora aí tão interessados em comunicação, saibam disto: cada um dá o que tem. Isto pode ser de coisa passada, mas é muito válido.
A gente aproxima do médium e quer falar, e aí temos de güentar o assunto, porque só falamos em dupla; o médium quando não tem muito exercício nos passa prá trás e fala na frente. Vocês ficam parados na fachada e esquecem a faixa em que nos achamos. Por isso, Wilson, é que nestes casos que hoje vemos é melhor que a cuca não fique botando banca. É hora do coração conversar. Não quero que você esteja santo, mas também não desejo que você fique esperto demais. Nem anjo, nem gato. Fique você mesmo e observe que a crista do problema é auxiliar outros para sermos auxiliados. Hoje vivo partindo para essas novas atitudes que me façam mais útil. Viver bem para encontrar o bem e ser melhor.
Se a gente morresse mesmo, era só seguir entre a preguiça e a rede; no entanto, a morte é uma passagem que parece aquela porta dos contos de fadas. Vocês abraçam a gente movimentando gritos e lágrimas e o cara não consegue falar bolacha. Estamos encantados pela bruxa que não se vê, mas posso dizer que é uma bruxa inofensiva, porque nem a vemos de leve. A morte chega e decerto bate aquela varinha em nossa cabeça; a gente dorme, acorda com vocês chamando e chamando, e aos poucos saímos do barro ou da pedra. O negócio é isso.
Quero que ocês todos fiquem aí até que o mofo espante vocês do saco de pele e ossos; peço a Deus que todos se arrastem de velhos, mas eu não sei se isso vai acontecer. De qualquer modo preparem-se, para vir algum dia. E saibam que só temos aqui o que damos e só sabemos o que colocamos por dentro de nós.
Em negócio de sexy, fiquem acesos para pensar melhor. Não brinquem com fogo, que o fogo nesse assunto queima muito mais do lado de cá.
O que vocês prometem cumpram (6).
E o que fizerem no campo dos tratos saibam tratar, porque o amor é uma luz que não aparece em querosene de papagaiadas de conversa furada.
Estão abrindo a boca perto de mim, creio que os amigos estão cansados. Já escrevi muito. E se continuasse, o papel necessário, não está apontado no gibi. Vocês não se impressionem com o que digo. Vivam corretos e tarão certos. Não dou para ensinar porque não sou santo. Desculpem.
Mamãe e papai, concedam aí uma bênçãos ao filho agradecido.
Sueli, acertemos tudo no coração para fazer o bem.
Vocês, meus cupinchas, não fiquem rindo, não. Coloquemos a cuca para jambrar e busquemos o que estiver certo; Carlos, Sérgio, Wilson e nossa amiga, favoreçam este espírito de rapaz supostamente afogado com os pensamentos bons, com o que puderem dar aí para mim; vou melhorar, estou caminhando e caminhando para frente.
Hoje, escrevi adoidadamente, mas voltarei com siso e juízo. Não posso empregar palavras mais fortes neste tchau e é preciso acabar esta carta antes da matina.
Recebam o maior abraço da paróquia.
Falei mas não sei se disse.
Jair
25 de agosto de 1974.
Comentários
Aqui os nomes citados já nos são familiares. Há que se acrescentar o Wilson e conexos, mencionados no início da mensagem.
Wilson Carlos de Lima, também amigo do Jair, estuda juntamente com o Sérgio na Fundação Pinhalense de Ensino.
Em sua fala descontraída de jovem alegre, aludindo a "conexos", Jair designa duas jovens de Campinas que se encontravam com o grupo na reunião.
Vamos, para melhor situar a mensagem, destacar fatos e pormenores de que Chico não tinha conhecimento algum.
1 - Jamegão como "falei", palavra muito usada pelo Jair.
2 - "quero dizer a meu pai que não fique de pensamento vidrado nas águas" - O pai de Jair, Sr. José Presente, contou-nos que muitas vezes, à revelia dos familiares, ia até a Praia Azul, para saber de detalhes ligados à morte do filho. Jair em sua carinhosa advertência pede ao pai que assim não proceda mais.
3 - Após a primeira mensagem de Jair, sua mãe passou a colaborar na instituição dirigida por D. Wandir Dias, o Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa, conhecido como Casa da Sopa do Grameiro, bairro onde se localiza a Obra que oferece sopa aos necessitados.
4 - "Wilson anda arrepiado num medo fora de série" - fato confirmado pelo Wilson que afirma ver-se trânsido de medo muitas vezes, ao sentir a presença do Jair, como aliás o próprio Jair confirma na seqüência da mensagem, quando diz: "muitas vezes ele me sente perfeitinho junto dele, mas e a paúra?"
5 - "Essa de pinga não cola" - Advertência de Jair aos amigos Carlos, Sérgio e Wilson que contrariando os hábitos do grupo passaram a procurar nos goles de caninha o esquecimento da saudade que os torturava, após a morte de Jair.
6 - "O que vocês prometem cumpram" de fato, os jovens amigos de Jair, prometeram participar da sopa fraterna no Grameiro, em homenagem à memória do saudoso amigo, tão logo souberam que Jair havia dado comunicação através de Chico Xavier. Contudo, logo esqueceram a promessa e Jair veio lhes puxar as orelhas...
O fecho desta mensagem também identifica o estilo de Jair, quando "vivo". Aliás, outras palavras foram reconhecidas por sua irmã Sueli, como sendo de uso habitual pelo Jair. É o caso de "pirandelando", de uso incomum, que encontramos nesta mensagem e que, segundo Sueli, Jair usava habitualmente em casa.
Em sua correspondência epistolar numerosa, Jair falava muito em "antes da matina", (como fala no fim da mensagem), posto que suas cartas eram escritas geralmente às três ou quatro horas da madrugada. [Notas do editor Caio Ramacciotti].
FONTE:
XAVIER, Francisco Cândido. Jovens no Além. [Espíritos Diversos]. 24 ed. São Bernardo do Campo: Geem, 2005. p. 114-117.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Carta de Laurinho Basile: "Libertação"
Mamãe querida.
Seu filho pede a bênção.
Saudades condensadas dão isso. Uma vontade imensa de mostrar amor.
Entretanto, ausência para nós já era. Estamos naquela da união para sempre. Morte mais se parece a um espantalho na lavoura.
Enquanto a Maturidade não chegar para o coletivo das criaturas, é preciso pintar essa abertura com sinais que metam medo. Isso é lei de Deus. Instinto de conservação. Defesa comum.
Se todas as pessoas, de uma só vez, pudessem compreender a chamada Libertação, é muita gente que desejaria pirandelar.
E fuga não é flor que se cheire. Pos aí, somos obrigados, para a nossa felicidade, a enfrentar a pedreira e rebater a picareta sem picaretagem. Trabalhar e aprender.
O corpo não é farda de que se possa desertar por bagatela. A morte precisa dessas pompas de cores estranhas e rituais encharcados de lágrimas. Semelhante indução ao receio é necessária, porque são muitos os cultivadores do capim mimoso querendo arrear o fardo educativo antes da hora.
Mas retomemos o fio. Mamãe agradeço.
Estou quase feliz, não fosse o muro. O muro vibratório que aparentemente nos segrega em faixas diferentes da força.
Reencarnação do espírito, a meu ver, se não estou dando alguma de curioso frustrado, é o mesmo que a pessoa se colocar numa espécie de voltagem diversa daquela que conhecemos por aqui.
Tudo é posicionamento elétrico, ou quase tudo, no campo de nossas vidas. O cérebro de alguém, no carro físico, está em circuito diferente para nós tanto quanto nós temos a cabeça instalada em outras dimensões da energia.
No meio dessas ramificações todas, com transformadores e conexões adequadas por toda parte, o coração é o amor e amor independe de quaisquer implementos para expressar-se.
Em razão disso, estamos nós na reciprocidade.
Eu penso e você pensa, você pensa e eu penso, isto é, conjugamos os mesmos sentimentos em cuja equação as idéias somam igualmente. Sei. Não precisaria escrever para que o seu carinho me reconhecesse na sobrevivência em que antecedi a vivencia de tantos.
A empatia é o nosso clima, tanto quanto a comunhão intima é o nosso lar.
Continuo e continuamos, você e eu, agradecendo. Temos sido muito felizes, dialogando com tantos amigos de varias faixas etárias. Creia. Temos falado juntos.
Peço a sua paciência e prossigamos em marcha. É muita juventude perguntando, muita infância a desesperar-se, muita madureza a desfazer-se em pranto e aflição.
A hora é mesmo de permuta.
Comunicação inadiável. E o importante é que essa comunicação é de fio pessoal.
Fácil observar para nós dois que, criatura a criatura, a mensagem pede adequação. A verdade é uma só, no entanto, a interpretação é serviço indispensável no domínio de cada um.
Estou agradecido ao seu esforço. Mãe querida, isso tudo é um campo novo para nós.
Você me percebe e me ouve sem que os tímpanos do corpo registrem minha voz. Isso me alegra, porque afinizados um com o outro, quais as cordas de um violino, em mãos de artistas do Mais Alto, formamos uma dupla e estamos construindo um futuro iluminado de bênçãos.
A prece é a tomada. Os pensamentos são fios que nos interligam. E a nossa palavra reflete de improviso os esclarecimentos que me alcançam, procedentes de amigos que me antecederam por aqui.
E centralizados em Deus, por Jesus Cristo, seguiremos empregando o melhor que pudermos, na formação de caminhos para os que se perderam da estrada real, às vezes marginalizados na revolta e no sofrimento.
Você e eu, juntos, responderemos ao conteúdo da Gaveta da Esperança.
Tantas bênçãos, tantos recados de carinho! Gratidão para todos os corações queridos.
Minha emoção é tamanha que, freqüentemente, a lágrima de enternecimento é a resposta que se nos fez possível. A bendita lágrima do amor, síntese de saudade e ternura, convivência e devotamento constante.
De meu lado, querida Mãezinha, informo que estou vivo. Se me perguntarem como, formularei a contra pergunta: de que modo morre a água na Terra a fim de pairar no Espaço, em estado positivamente oposto ao sólido em que a vemos no mundo?
Pois é. A água também morre e sobrevive e igualmente retorna ao campo dos homens, na incapacidade de demonstrar às balanças terrestres de que maneira se gazificou esse rematerializou na chuva benéfica, nas ocasiões em que não se volatiza, de todo, para integrar-se em outras substancias da vida cósmica.
A realidade é que eu mesmo, continuando a agir e aprendendo a servir para ser aproveitado com mais eficiência na maquina do bem de todos.
Sigo o nosso querido pescador em suas preces que são também minhas, rogando aos Mensageiros de Jesus para que meu pai esteja sob as bênçãos de Deus.
Em casa, rejubilo-me com a tranqüilidade que se vai refazendo...
Ra e Shell com a querida Menesta e com o Josetinho e os outros corações amados me proporcionam imensa alegria.
Yo e Petar com Gus e Guil e mais o pessoal entrante ou aspirante à entrada na família, são maravilhosos companheiros. Mirta e Lu são as estrelas novas em explosões de esperança e de alegria. Todo o amor para ambas.
Peço a Lu compreensão para a Pupy.
Aquele coração de carinho, pulsando sobre as patinhas não sabia ler. Por mais se lhe dissesse o que, por enquanto se lhe diga a linguagem filosófica dos que se separaram entre lágrimas e inquietações, nas fronteiras da morte e da existência, nada lhe atingiria a sensibilidade e nem lhe abordará, por agora, o entendimento simples.
A querida companheirinha não tem ainda forças para entender que não há Vazio.
E carência, Mamãe, quando não aceita sob a luz da fé em nossos mais elevados destinos, é anemia da alma. “Pingo d’água mole em pedra dura...”
De cá, entretanto, teremos recursos para auxiliá-la, mas isso, por enquanto, é uma oura historia. Se muitos não entendem os assuntos de Laurinho sobrevivente, como assimilarão certas realidades sobe os animais, especialmente aqueles que se nos fazem mais íntimos e mais queridos?
Muitas flores de carinho para a Vó Lourdes e Vó Genoveva extensivamente do avô inesquecível.
O vovô de residência em meus ranchos de agora, está comigo. Companheiro e benfeitor, com quem meus débitos vão subindo.
A proposta do Toninho é quase uma cascata.
Imagine se eu pudesse complementar um computador em nossa querida paisagem, seria um clandestino nas instituições de ciência no mundo.
Depois de uma palavra no domínio das probabilidades, porque, em verdade, sou, até agora, um Laurinho tão experimentador quanto antes, na hipótese de acertar, levantaria horrores de indagações.
Naturalmente, companheiros de pesquisa me mobilizaram para resolver problemas da Humanidade, com tal impacto de confiança que eu mesmo terminaria a aventura no caso do peão que caiu de modo sesquipedal, depois de ouvir aqueles que lhe superestimavam os méritos.
Não posso colocar o carro antes do combustível.
Devagar. A viagem de um país para outro não dá pedal para milagres. Toninho que trabalha aí que continuo a esforçar-me daqui.
Entretanto, se ele quer uma dica, procure o Sergio Pistelli, a e a Maria Beatriz que conhecemos no Eletrotécnico de Mococa e vá em frente. Se as invenções ficassem na conta de um cérebro mágico, a ciência não progrediria. E todos precisam de vez.
Presentemente mantenho a voz em outros trombones, mas o teste do Toninho está bem bolado.
Ainda assim, outra pala valiosa para o amigo é o serviço de apoio à Santa Casa.
Estou na atualidade computando outras jogadas e não posso perde a bola.
Disciplina. Essa misteriosa deusa é por demasiado exigente.
Sigamos no “Very slowly”.
Que ele me desculpe essa pretensão. É só para inglês ver.
Mãezinha, recebo os pensamentos da Selma e da Lu, de coração amolecido.
Afinal, creio hoje que nasci num ninho de estrelas e você Mamãe, com um pai, é a dona dessa prodigiosa constelação.
Meu carinho a todos. Evaldo e Tadeu, por força dos laços que nos reúnem hoje com mais peso de solidariedade, estão presentes e se fazem lembrados aos familiares queridos.
Abraços ao Pantera e a todos os Bichos admiráveis que moram no Zoológico de meu coração.
Amor pra todas as amizades, incluindo as companheiras dedicadas, meninas iluminadas de esperança às quais me sinto o irmão de sempre.
Mamãe, agora, é o fim da carta.
Quantas laudas neste processo de saudade e carinho? Ainda não sei. Conte-as a querida Barata sempre minha inspiração e luz, Vida e mestra.
Se me esqueci de nomes de nossa intimidade, isso é milonga de papo amigo, porque tenho o meu listão na memória, mas não posso estirá-lo aqui no papel.
Você Mamãe, dirá a todos, os meus amigos, que enviamos lembranças e um abração de fraternidade. Lembro o papai em minha gratidão e ternura de filho e entrego pra Você o meu coração.
Amor infalível e devoção total de seu filho
Laurinho.
Uberaba, 19 de junho de 1978
IDENTIFICAÇÕES
Nesta carta, Laurinho se refere à chamada “Libertação”, esclarecendo que, se a pudéssemos compreender muita gente haveria de querer partir.
Mas essa partida não pode ser por nossa vontade, porém pelos desígnios de Deus. Do contrario, seriamos suicidas, e estes, para cumprirem o tempo que deveriam permanecer na Terra, vão para um lugar nada agradável chamado “Umbral”.
*
Adiante, afirma Laurinho: “É centralizados em Deus por Jesus Cristo, seguiremos empregando o melhor que pudermos na formação de caminhos para os que se perderam...”
Mães, mães desesperadas, desanimadas, confiem no Cristo! Ele estenderá sempre as mãos para todos aqueles que as solicitarem.
Ter saudade, muita saudade, é um direito de todas nós, e a saudade tende sempre a aumentar. Costumo afirmar que a saudade é a nossa maior prova neste Planeta de expiações.
Mas é preciso ganhar compreensão, equilíbrio e trabalhar para o bem comum, sem esperar retribuições. É preciso estudar muito, se aprofundar nos ensinamentos do Cristo, à luz da Doutrina Espírita, para que a razão aceite estas verdades.
Nossos filhos estão vivos, trabalhando por nós e por eles, na maquina do bem de todos.
Realmente, Laurinho reafirma: “De meu lado, Mãezinha, informo que estou vivo.”
Se pararmos para pensar, temos que agradecer a Deus por tudo isso, pois, apesar de o nosso coração continuar sangrando, o sofrimento nos abre oportunidades de renovação e aprendizado.
Mães e irmãs! Pensem em nossos filhos trabalhando em outro “continente”, pela nossa melhoria e que isso só acontece com a permissão do Mais Alto.
*
É interessante notar como Laurinho explica a reencarnação em termos eletrônicos e compara a morte com a água.
Laurinho refere-se a Pupy, a cachorrinha que, a seu ver, sendo seu melhor amigo, foi se definhando, acometida de tristeza, e partiu seis meses após sua “viagem”.
Antes de partirmos para Uberaba, em nossa casa, às sete horas e trinta minutos, Pupy encerrou sua vida.
Nessa mesma noite, vem Laurinho com esta fabulosa mensagem e confirma o diagnostico dos veterinários: tristeza. Só que ele define como sendo “anemia na alma”.
Com tudo isto vem nos reafirmar que não há Vazio. E a Doutrina Espírita, com Jesus, vem nos conscientizar que, realmente, não existe o Vazio.
*
Também a proposta de Toninho, um jovem até aquela data materialista, foi colocada, por ele mesmo, na Gaveta da Esperança.
Com esse teste, tentou desafiar – é a palavra exata – nosso Laurinho em suas comunicações de um outro plano e recebeu ao pé da letra.
De tudo o que Laurinho escreve, dou ciência aos seus amigos, que estudam os mínimos detalhes, e não nego que tudo isso vem causando um “terremoto”, principalmente na juventude de Mococa e cidades circunvizinhas.
Não se esquecendo dos amigos, envia-lhes sempre o seu “alô” tão positivo, inspirando, cada vez mais, certeza numa Vida Maior, repleta de Fé e Amor ao próximo.
Mães e irmãs, quisera que soubessem quanta coisa Laurinho vem modificando!
A juventude é boa; falta-lhe motivação, alguém que a ouça e compreenda, que esteja disposto a falar a sua mesma língua.
Em geral, os moços nem sempre estão preocupados com o próximo; mas por aqui está acontecendo o contrario: estamos recebendo toda a cooperação em tudo o que fazemos, e com a melhor boa-vontade.
Tudo isto devemos às mensagens e aos inumeráveis livros de Chico Xavier, que rodam de mão em mão.
Louvado seja Deus! Com sua permissão, tudo continuará melhorando, se aperfeiçoando.
IDENTIFICAÇÕES:
Pupy - Cachorrinha da família, que merecia muito cuidado e carinho por parte de Laurinho. Desencarnou em junho de 1978.
Toninho - Sebastião Antonio cunha, residente à Rua Lucio Leonel n. 5, em Casa Branca. Trabalhava com Laurinho no campo das invenções. Laurinho deixou com ele o desenho de um computador, que se achava incompleto e pediu-me para obter de Laurinho a formula final. O pedido foi depositado na Gaveta de Esperança e respondido por Laurinho.
Sergio Pistelli - Grande amigo de Laurinho, exercendo o cargo de Secretario no Colégio Técnico João Baptista de Lima Figueiredo, em Mococa, SP, onde diplomou-se Laurinho. Sergio e família residem nesta cidade, à rua Ipiranga.
Maria Beatriz - Maria Beatriz L. de Oliveira – orientadora educacional do Colégio Técnico Industrial João Baptista de Lima Figueiredo, de Mococa, SP. Foi grande amiga de Laurinho.
Pantera - Antonio Borzani, residente em Casa Branca. Amigo de Laurinho, seria seu companheiro em São Carlos quando fossem cursar a Engenharia, morando juntos.
FONTE
XAVIER, F. C. Gaveta de esperança [espírito Laurinho Basile]. Araras (SP): IDE, 1980.
Seu filho pede a bênção.
Saudades condensadas dão isso. Uma vontade imensa de mostrar amor.
Entretanto, ausência para nós já era. Estamos naquela da união para sempre. Morte mais se parece a um espantalho na lavoura.
Enquanto a Maturidade não chegar para o coletivo das criaturas, é preciso pintar essa abertura com sinais que metam medo. Isso é lei de Deus. Instinto de conservação. Defesa comum.
Se todas as pessoas, de uma só vez, pudessem compreender a chamada Libertação, é muita gente que desejaria pirandelar.
E fuga não é flor que se cheire. Pos aí, somos obrigados, para a nossa felicidade, a enfrentar a pedreira e rebater a picareta sem picaretagem. Trabalhar e aprender.
O corpo não é farda de que se possa desertar por bagatela. A morte precisa dessas pompas de cores estranhas e rituais encharcados de lágrimas. Semelhante indução ao receio é necessária, porque são muitos os cultivadores do capim mimoso querendo arrear o fardo educativo antes da hora.
Mas retomemos o fio. Mamãe agradeço.
Estou quase feliz, não fosse o muro. O muro vibratório que aparentemente nos segrega em faixas diferentes da força.
Reencarnação do espírito, a meu ver, se não estou dando alguma de curioso frustrado, é o mesmo que a pessoa se colocar numa espécie de voltagem diversa daquela que conhecemos por aqui.
Tudo é posicionamento elétrico, ou quase tudo, no campo de nossas vidas. O cérebro de alguém, no carro físico, está em circuito diferente para nós tanto quanto nós temos a cabeça instalada em outras dimensões da energia.
No meio dessas ramificações todas, com transformadores e conexões adequadas por toda parte, o coração é o amor e amor independe de quaisquer implementos para expressar-se.
Em razão disso, estamos nós na reciprocidade.
Eu penso e você pensa, você pensa e eu penso, isto é, conjugamos os mesmos sentimentos em cuja equação as idéias somam igualmente. Sei. Não precisaria escrever para que o seu carinho me reconhecesse na sobrevivência em que antecedi a vivencia de tantos.
A empatia é o nosso clima, tanto quanto a comunhão intima é o nosso lar.
Continuo e continuamos, você e eu, agradecendo. Temos sido muito felizes, dialogando com tantos amigos de varias faixas etárias. Creia. Temos falado juntos.
Peço a sua paciência e prossigamos em marcha. É muita juventude perguntando, muita infância a desesperar-se, muita madureza a desfazer-se em pranto e aflição.
A hora é mesmo de permuta.
Comunicação inadiável. E o importante é que essa comunicação é de fio pessoal.
Fácil observar para nós dois que, criatura a criatura, a mensagem pede adequação. A verdade é uma só, no entanto, a interpretação é serviço indispensável no domínio de cada um.
Estou agradecido ao seu esforço. Mãe querida, isso tudo é um campo novo para nós.
Você me percebe e me ouve sem que os tímpanos do corpo registrem minha voz. Isso me alegra, porque afinizados um com o outro, quais as cordas de um violino, em mãos de artistas do Mais Alto, formamos uma dupla e estamos construindo um futuro iluminado de bênçãos.
A prece é a tomada. Os pensamentos são fios que nos interligam. E a nossa palavra reflete de improviso os esclarecimentos que me alcançam, procedentes de amigos que me antecederam por aqui.
E centralizados em Deus, por Jesus Cristo, seguiremos empregando o melhor que pudermos, na formação de caminhos para os que se perderam da estrada real, às vezes marginalizados na revolta e no sofrimento.
Você e eu, juntos, responderemos ao conteúdo da Gaveta da Esperança.
Tantas bênçãos, tantos recados de carinho! Gratidão para todos os corações queridos.
Minha emoção é tamanha que, freqüentemente, a lágrima de enternecimento é a resposta que se nos fez possível. A bendita lágrima do amor, síntese de saudade e ternura, convivência e devotamento constante.
De meu lado, querida Mãezinha, informo que estou vivo. Se me perguntarem como, formularei a contra pergunta: de que modo morre a água na Terra a fim de pairar no Espaço, em estado positivamente oposto ao sólido em que a vemos no mundo?
Pois é. A água também morre e sobrevive e igualmente retorna ao campo dos homens, na incapacidade de demonstrar às balanças terrestres de que maneira se gazificou esse rematerializou na chuva benéfica, nas ocasiões em que não se volatiza, de todo, para integrar-se em outras substancias da vida cósmica.
A realidade é que eu mesmo, continuando a agir e aprendendo a servir para ser aproveitado com mais eficiência na maquina do bem de todos.
Sigo o nosso querido pescador em suas preces que são também minhas, rogando aos Mensageiros de Jesus para que meu pai esteja sob as bênçãos de Deus.
Em casa, rejubilo-me com a tranqüilidade que se vai refazendo...
Ra e Shell com a querida Menesta e com o Josetinho e os outros corações amados me proporcionam imensa alegria.
Yo e Petar com Gus e Guil e mais o pessoal entrante ou aspirante à entrada na família, são maravilhosos companheiros. Mirta e Lu são as estrelas novas em explosões de esperança e de alegria. Todo o amor para ambas.
Peço a Lu compreensão para a Pupy.
Aquele coração de carinho, pulsando sobre as patinhas não sabia ler. Por mais se lhe dissesse o que, por enquanto se lhe diga a linguagem filosófica dos que se separaram entre lágrimas e inquietações, nas fronteiras da morte e da existência, nada lhe atingiria a sensibilidade e nem lhe abordará, por agora, o entendimento simples.
A querida companheirinha não tem ainda forças para entender que não há Vazio.
E carência, Mamãe, quando não aceita sob a luz da fé em nossos mais elevados destinos, é anemia da alma. “Pingo d’água mole em pedra dura...”
De cá, entretanto, teremos recursos para auxiliá-la, mas isso, por enquanto, é uma oura historia. Se muitos não entendem os assuntos de Laurinho sobrevivente, como assimilarão certas realidades sobe os animais, especialmente aqueles que se nos fazem mais íntimos e mais queridos?
Muitas flores de carinho para a Vó Lourdes e Vó Genoveva extensivamente do avô inesquecível.
O vovô de residência em meus ranchos de agora, está comigo. Companheiro e benfeitor, com quem meus débitos vão subindo.
A proposta do Toninho é quase uma cascata.
Imagine se eu pudesse complementar um computador em nossa querida paisagem, seria um clandestino nas instituições de ciência no mundo.
Depois de uma palavra no domínio das probabilidades, porque, em verdade, sou, até agora, um Laurinho tão experimentador quanto antes, na hipótese de acertar, levantaria horrores de indagações.
Naturalmente, companheiros de pesquisa me mobilizaram para resolver problemas da Humanidade, com tal impacto de confiança que eu mesmo terminaria a aventura no caso do peão que caiu de modo sesquipedal, depois de ouvir aqueles que lhe superestimavam os méritos.
Não posso colocar o carro antes do combustível.
Devagar. A viagem de um país para outro não dá pedal para milagres. Toninho que trabalha aí que continuo a esforçar-me daqui.
Entretanto, se ele quer uma dica, procure o Sergio Pistelli, a e a Maria Beatriz que conhecemos no Eletrotécnico de Mococa e vá em frente. Se as invenções ficassem na conta de um cérebro mágico, a ciência não progrediria. E todos precisam de vez.
Presentemente mantenho a voz em outros trombones, mas o teste do Toninho está bem bolado.
Ainda assim, outra pala valiosa para o amigo é o serviço de apoio à Santa Casa.
Estou na atualidade computando outras jogadas e não posso perde a bola.
Disciplina. Essa misteriosa deusa é por demasiado exigente.
Sigamos no “Very slowly”.
Que ele me desculpe essa pretensão. É só para inglês ver.
Mãezinha, recebo os pensamentos da Selma e da Lu, de coração amolecido.
Afinal, creio hoje que nasci num ninho de estrelas e você Mamãe, com um pai, é a dona dessa prodigiosa constelação.
Meu carinho a todos. Evaldo e Tadeu, por força dos laços que nos reúnem hoje com mais peso de solidariedade, estão presentes e se fazem lembrados aos familiares queridos.
Abraços ao Pantera e a todos os Bichos admiráveis que moram no Zoológico de meu coração.
Amor pra todas as amizades, incluindo as companheiras dedicadas, meninas iluminadas de esperança às quais me sinto o irmão de sempre.
Mamãe, agora, é o fim da carta.
Quantas laudas neste processo de saudade e carinho? Ainda não sei. Conte-as a querida Barata sempre minha inspiração e luz, Vida e mestra.
Se me esqueci de nomes de nossa intimidade, isso é milonga de papo amigo, porque tenho o meu listão na memória, mas não posso estirá-lo aqui no papel.
Você Mamãe, dirá a todos, os meus amigos, que enviamos lembranças e um abração de fraternidade. Lembro o papai em minha gratidão e ternura de filho e entrego pra Você o meu coração.
Amor infalível e devoção total de seu filho
Laurinho.
Uberaba, 19 de junho de 1978
IDENTIFICAÇÕES
Nesta carta, Laurinho se refere à chamada “Libertação”, esclarecendo que, se a pudéssemos compreender muita gente haveria de querer partir.
Mas essa partida não pode ser por nossa vontade, porém pelos desígnios de Deus. Do contrario, seriamos suicidas, e estes, para cumprirem o tempo que deveriam permanecer na Terra, vão para um lugar nada agradável chamado “Umbral”.
*
Adiante, afirma Laurinho: “É centralizados em Deus por Jesus Cristo, seguiremos empregando o melhor que pudermos na formação de caminhos para os que se perderam...”
Mães, mães desesperadas, desanimadas, confiem no Cristo! Ele estenderá sempre as mãos para todos aqueles que as solicitarem.
Ter saudade, muita saudade, é um direito de todas nós, e a saudade tende sempre a aumentar. Costumo afirmar que a saudade é a nossa maior prova neste Planeta de expiações.
Mas é preciso ganhar compreensão, equilíbrio e trabalhar para o bem comum, sem esperar retribuições. É preciso estudar muito, se aprofundar nos ensinamentos do Cristo, à luz da Doutrina Espírita, para que a razão aceite estas verdades.
Nossos filhos estão vivos, trabalhando por nós e por eles, na maquina do bem de todos.
Realmente, Laurinho reafirma: “De meu lado, Mãezinha, informo que estou vivo.”
Se pararmos para pensar, temos que agradecer a Deus por tudo isso, pois, apesar de o nosso coração continuar sangrando, o sofrimento nos abre oportunidades de renovação e aprendizado.
Mães e irmãs! Pensem em nossos filhos trabalhando em outro “continente”, pela nossa melhoria e que isso só acontece com a permissão do Mais Alto.
*
É interessante notar como Laurinho explica a reencarnação em termos eletrônicos e compara a morte com a água.
Laurinho refere-se a Pupy, a cachorrinha que, a seu ver, sendo seu melhor amigo, foi se definhando, acometida de tristeza, e partiu seis meses após sua “viagem”.
Antes de partirmos para Uberaba, em nossa casa, às sete horas e trinta minutos, Pupy encerrou sua vida.
Nessa mesma noite, vem Laurinho com esta fabulosa mensagem e confirma o diagnostico dos veterinários: tristeza. Só que ele define como sendo “anemia na alma”.
Com tudo isto vem nos reafirmar que não há Vazio. E a Doutrina Espírita, com Jesus, vem nos conscientizar que, realmente, não existe o Vazio.
*
Também a proposta de Toninho, um jovem até aquela data materialista, foi colocada, por ele mesmo, na Gaveta da Esperança.
Com esse teste, tentou desafiar – é a palavra exata – nosso Laurinho em suas comunicações de um outro plano e recebeu ao pé da letra.
De tudo o que Laurinho escreve, dou ciência aos seus amigos, que estudam os mínimos detalhes, e não nego que tudo isso vem causando um “terremoto”, principalmente na juventude de Mococa e cidades circunvizinhas.
Não se esquecendo dos amigos, envia-lhes sempre o seu “alô” tão positivo, inspirando, cada vez mais, certeza numa Vida Maior, repleta de Fé e Amor ao próximo.
Mães e irmãs, quisera que soubessem quanta coisa Laurinho vem modificando!
A juventude é boa; falta-lhe motivação, alguém que a ouça e compreenda, que esteja disposto a falar a sua mesma língua.
Em geral, os moços nem sempre estão preocupados com o próximo; mas por aqui está acontecendo o contrario: estamos recebendo toda a cooperação em tudo o que fazemos, e com a melhor boa-vontade.
Tudo isto devemos às mensagens e aos inumeráveis livros de Chico Xavier, que rodam de mão em mão.
Louvado seja Deus! Com sua permissão, tudo continuará melhorando, se aperfeiçoando.
IDENTIFICAÇÕES:
Pupy - Cachorrinha da família, que merecia muito cuidado e carinho por parte de Laurinho. Desencarnou em junho de 1978.
Toninho - Sebastião Antonio cunha, residente à Rua Lucio Leonel n. 5, em Casa Branca. Trabalhava com Laurinho no campo das invenções. Laurinho deixou com ele o desenho de um computador, que se achava incompleto e pediu-me para obter de Laurinho a formula final. O pedido foi depositado na Gaveta de Esperança e respondido por Laurinho.
Sergio Pistelli - Grande amigo de Laurinho, exercendo o cargo de Secretario no Colégio Técnico João Baptista de Lima Figueiredo, em Mococa, SP, onde diplomou-se Laurinho. Sergio e família residem nesta cidade, à rua Ipiranga.
Maria Beatriz - Maria Beatriz L. de Oliveira – orientadora educacional do Colégio Técnico Industrial João Baptista de Lima Figueiredo, de Mococa, SP. Foi grande amiga de Laurinho.
Pantera - Antonio Borzani, residente em Casa Branca. Amigo de Laurinho, seria seu companheiro em São Carlos quando fossem cursar a Engenharia, morando juntos.
FONTE
XAVIER, F. C. Gaveta de esperança [espírito Laurinho Basile]. Araras (SP): IDE, 1980.